Os bancos estão cada vez mais interessados em empresas que adotam práticas ESG (Environmental, Social, and Governance) em suas análises para a concessão de crédito, por várias razões estratégicas, financeiras e regulatórias:
ESG (Environmental, Social, and
Governance)
1. Redução de Riscos:
Empresas que seguem práticas ESG tendem a ser mais resilientes e menos suscetíveis a riscos ambientais, sociais e de governança.
Isso inclui riscos como desastres naturais, problemas trabalhistas, escândalos de corrupção, entre outros. Ao financiar empresas ESG, os bancos estão, em teoria, reduzindo o risco de inadimplência.
2. Regulamentações e Políticas Públicas:
Governos e reguladores ao redor do mundo estão implementando políticas e regulamentações mais rígidas em relação à sustentabilidade e responsabilidade corporativa.
Bancos que promovem práticas ESG estão se alinhando com essas exigências e, em alguns casos, podem até receber incentivos fiscais ou benefícios regulatórios.
3. Demanda dos Investidores:
Esses fatores juntos criam um ambiente onde os bancos veem um claro benefício estratégico e financeiro em apoiar e financiar empresas com fortes práticas ESG.
Os principais critérios que estão sendo analisados pelos bancos dentro do escopo ESG para credito são:
- Ambiental (E):
- Gestão de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE): Empresas com estratégias para reduzir suas emissões são vistas positivamente.
- Uso Eficiente dos Recursos Naturais: Inclui a gestão da água e energia, além da redução de resíduos.
- Impacto Ambiental das Operações: Avaliação do impacto ambiental direto e indireto das operações da empresa.
- Social (S):
- Direitos dos Trabalhadores: Condições de trabalho, saúde e segurança ocupacional.
- Impacto na Comunidade: Projetos e iniciativas que beneficiem as comunidades locais.
- Diversidade e Inclusão: Políticas e práticas que promovam a diversidade no local de trabalho.
- Governança (G):
- Transparência e Ética: Práticas de governança corporativa, transparência financeira e ética nos negócios.
- Gestão de Riscos: Sistemas de controle interno e gestão de riscos robustos.
- Engajamento dos Stakeholders: Como a empresa se comunica e se relaciona com seus stakeholders.
Exemplos de Bancos Nacionais
- Bradesco (Brasil): O Bradesco tem um comitê de sustentabilidade que inclui membros do Conselho de Administração e diretores executivos. Eles realizam reuniões regulares para discutir e definir estratégias ESG, além de monitorar a implementação de políticas de sustentabilidade que incluem diretrizes de responsabilidade social e ambiental.
- Banco Santander (Brasil): O Santander analisa a gestão de riscos ambientais, sociais e de governança como parte de sua concessão de crédito. O banco também promove negócios sustentáveis alinhados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas.
- HSBC (Global): O HSBC desenvolveu um conjunto de critérios ESG rigorosos para a concessão de crédito, incluindo a análise de práticas ambientais das empresas, sua responsabilidade social e a estrutura de governança. O banco também oferece produtos financeiros específicos para empresas que cumprem com critérios ESG.
Bancos Internacionais
Os bancos internacionais também estão intensificando seus esforços em integrar critérios ESG na liberação de crédito.
Similar aos bancos brasileiros, os bancos globais estão adotando práticas que incluem análises de riscos ambientais, sociais e de governança, mas com algumas especificidades e regulamentações regionais adicionais.
Critérios Utilizados pelos Bancos Internacionais
1. Regulamentações Europeias:
- European Sustainability Reporting Standards (ESRS): Exige que grandes empresas da UE forneçam relatórios de sustentabilidade detalhados, abrangendo toda a cadeia de valor do negócio e seguindo o conceito de materialidade dupla, que considera tanto o impacto financeiro quanto o impacto no ambiente e na sociedade.
- ECB Guidelines: O Banco
Central Europeu (BCE) espera que os bancos integrem totalmente os riscos
ESG em seus processos, como empréstimos e monitoramento, até 2025. Isso
inclui a captura adequada de riscos ambientais, climáticos e outros em
suas estratégias de gestão de riscos.
2. Reino Unido:
- Sustainability Disclosure Requirements (SDR): Introduzido pela FCA, visa garantir que produtos financeiros comercializados como sustentáveis realmente cumpram essas alegações e que as empresas tenham evidências para apoiá-las. Esta regra contra o "greenwashing" será obrigatória a partir de maio de 2024.
3. Estados Unidos:
- SEC Proposals: A Securities and Exchange Commission (SEC) dos EUA propôs regras que exigem que empresas públicas divulguem informações sobre os riscos climáticos que podem impactar suas finanças, bem como as emissões de gases de efeito estufa.
Exemplos de Bancos Internacionais
· HSBC: Um dos principais bancos a nível mundial que incorporou a sustentabilidade em sua estratégia.
O HSBC estabeleceu metas ambiciosas para alcançar emissões líquidas zero em seu portfólio até 2050 e tem aumentado significativamente seus financiamentos para projetos verdes.
· BNP Paribas: Este banco francês tem focado em produtos financeiros verdes e em apoiar a transição energética. Eles possuem políticas rigorosas para não financiar projetos que envolvam combustíveis fósseis não convencionais, como o fracking.
Diferenças em Relação aos Bancos Nacionais
A principal diferença entre os bancos internacionais e nacionais reside na complexidade e abrangência das regulamentações.
Os bancos europeus, por exemplo, enfrentam um rigor maior com regulamentos como o ESRS e as diretrizes do BCE, que exigem uma integração mais detalhada dos riscos ESG em seus processos operacionais. A ESRS exige relatórios detalhados de sustentabilidade, e a SDR no Reino Unido impõe regras rígidas contra declarações enganosas sobre sustentabilidade.
Nos EUA, a SEC está mais focada na transparência das divulgações climáticas, que podem se tornar obrigatórias em breve, enquanto no Reino Unido, a ênfase é evitar o "greenwashing" com o SDR.
Os bancos internacionais estão, portanto, respondendo tanto às pressões regulatórias quanto às demandas dos stakeholders para integrar práticas ESG, o que está moldando suas estratégias de crédito e investimento de maneira significativa.
Referências:
Bain / Finastra / KPMG / Bradesco / Exame
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